Programa Esverdeando
Programa de adaptação às mudanças climáticas e mitigação dos seus efeitos.
Introdução ao Programa Ecológico
Visão Geral: Diante da crise ambiental, ainda não temos um programa único ecológico e de ações efetivas. Planos governamentais ainda estão em construção, mas a necessidade é urgente. Desastres e mortes estão ocorrendo devido às mudanças climáticas. Desejamos compartilhar nosso saber e receber contribuições. Embora o Programa já tenha uma primeira versão, sua eficácia e abrangência dependem de uma visão ampla, enriquecida por múltiplos pontos de vista.
Objetivos Principais: 1. Indicar políticas que harmonizem a vida humana e a natureza e que possam expressar a vontade coletiva.
2. Indicar Ações Concretas e Necessárias para a mitigação dos impactos ambientais e a adaptação às mudanças climáticas no Brasil, com prioridade na máxima redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e no uso adequado dos recursos hídricos.
3. Promover uma revolução cultural inadiável que se materialize na produção e consumo do suficiente em substituição à cultura da abundância.
Desafio:
Consolidar planos, ideias e intenções dispersas em um programa unificado de entendimento e ação.
Colaborar para formação de um verdadeiro projeto social de mudanças. A humanidade precisa deixar de ser a grande destruidora de ecossistemas e evoluir no sentido de ser uma espécie que colabora para melhorar o planeta.
sumário
1. A Crise Ambiental.
2. As emissões de GEE.
2.1. Os GEE mais impactantes.
2.2. Proporção de emissões globais (por GEE).
2.3. Proporção de emissões no Brasil (por setor, em CO2 eq).
2.4. Total de emissões brutas no Brasil em 2022.
2.5. Geleiras e Oceanos.
2.6. Mudança no uso da terra.
2.7. Queimadas e agropecuária.
2.8. Impacto das queimadas para além das emissões.
2.9. Queima de combustível fóssil.
2.10. *Ações propostas para redução de emissões de GEE no Brasil.
3. Eventos climáticos extremos.
3.1. Impacto: Aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos.
3.2. * Ações propostas de adaptação.
3.2.1. Fortalecimento de infraestruturas.
3.2.2. Aumento da permeabilidade do solo.
3.2.3. Sistemas de armazenamento de água.
3.2.4. Proteção da rede elétrica.
3.2.5. Manejo e poda de árvores.
4. Elevação do nível do mar.
4.1. Impacto.
4.2. Ações propostas de adaptação.
4.2.1. Proteção costeira natural e artificial.
4.2.2. Panejamento urbano e zoneamento costeiro.
4.2.3. Adaptação de infraestruturas essenciais.
4.2.4. Sistema de alerta precoce.
5. Acidificação dos oceanos.
5.1. Impacto.
5.2. Ações propostas de adaptação.
5.2.1. Redução drástica das emissões de CO2.
5.2.2. Pesca sustentável e manejo de ecossistemas marinhos.
5.2.3. Criação e expansão de áreas marinhas protegidas (AMPs).
6. Alterações nos padrões de precipitação.
6.1. Impactos.
6.2. Ações propostas de adaptação.
6.2.1. Gestão integrada de águas pluviais urbanas.
6.2.2. Manutenção e prevenção de sistemas de drenagem.
6.2.3. Incentivo à permeabilização do solo.
6.2.4. Reflorestamento e plantio de árvores nativas.
6.2.5. Captação e armazenamento de água da chuva.
6.2.6. Tecnologia de coleta de água atmosférica.
7. Degelo polar e glaciar.
7.1. Impactos.
7.2. Ações propostas de adaptação.
7.2.1. Mitigação das Causas Raiz do Aquecimento Global.
7.2.2. Sequestro de GEE da Atmosfera.
7.2.3. Monitoramento e Pesquisa.
7.2.4. Gestão de Recursos Hídricos em Regiões Dependentes.
8. Crise hídrica.
8.1. Poluição hídrica.
8.2. Escassez hídrica.
8.3. Água virtual.
8.4. Ações propostas.
9. Resíduos Sólidos.
9.1. Falhas no fluxo de resíduos sólidos.
9.2. Responsabilidade e fiscalização.
9.3. Comparativo internacional.
9.4. Exemplos regionais de falha de destino.
9.5. Ações propostas.
10. Desertificação.
10.1. Principais causas da desertificação no Brasil.
10.2. Locais desertificados ou em risco de desertificação no Brasil.
10.3. Consequências.
10.4. Ações propostas.
11. Crise alimentar.
11.1. Europa.
11.2. Brasil: Projeção de impactos a partir de 2030.
11.3. Ações propostas.
12. Saúde pública em geral e saúde mental em particular.
12.1. Efeitos sobre a saúde mental.
12.2. Ambiente virtuais.
12.3. Segurança no trabalho.
12.4. Riscos agravados pelas mudanças climáticas.
12.5. Combatentes de incêndio: atenção especial.
12.6. Medidas de proteção e recomendações (OIT, OMS, IPCC).
12.7. Ações propostas.
13. Educação ambiental.
13.1. Preparação para situação de perigo.
13.2. Adaptação do lar e prevenção de doenças.
13.3. Reciclagem e Consumo sustentável.
13.4. Armazenamento de água.
13.5. Energia limpa e renovável.
13.6. Mudança de cultura: do excesso ao suficiente.
14. Florestas.
14.1. Situação de biomas brasileiros em relação à crise ambiental.
14.1.1. Amazônia.
14.1.2. Mata Atlântica.
14.1.3. Cerrado.
14.1.4. Caatinga.
14.1.5. Pampa.
14.1.6. Pantanal.
14.2. Ações propostas.
15. Indústrias.
15.1. Ações propostas.
15.1.1. Legislação.
15.1.2. Incentivos para pequenas e médias empresas.
15.1.3. Sistema de fiscalização.
15.1.4. Novas fábricas.
16. Inovação Tecnológica e Produção Sustentável: O Modelo de Fábricas e Empresas Estudantis Assistidas com Apoio Estatal.
16.1. Modelo de fábricas estratégicas com participação estatal e acadêmica.
16.2. Integração com Escolas Técnicas e Universidades: O Método “Academia-Indústria”.
16.3. Premiação, Financiamento sem Risco e Gestão pelos Alunos com orientação de professores e supervisão do Estado.
16.4. Benefícios da Participação Estatal: Credibilidade, Segurança e Renda para Novos Projetos.
16.5. Ampliação e Sustentabilidade do Sistema.
17. Impactos da urbanização.
17.1. Ações propostas:
17.1.1. Regionalização das instituições.
17.1.2. Construção de alojamentos para trabalhadores e estudantes.
17.1.3. Cidades Ecológicas e Ecovilas.
17.1.4. Revitalização de Cidades Mortas.
17.1.5. Infraestrutura Verde.
17.1.6. Infraestrutura Urbana.
17.1.7. Incentivar as construções sustentáveis.
17.1.8. Manutenção Urbana.
17.1.9. Educação Ambiental.
17.1.10. Melhorar o sistema de informação sobre qualidade do ar e da água em tempo real.
18. Pecuária.
18.1. Ações propostas de mitigação.
19. Referências
1. A Crise Ambiental:
A intervenção humana transformou profundamente os ecossistemas terrestres, desencadeando uma série de ameaças que comprometem a sobrevivência de inúmeras espécies e da própria humanidade. Evidenciam-se, nesse contexto, as mudanças climáticas, a crise hídrica global e o incremento de condições de periculosidade e insalubridade, resultantes diretos da artificialização extensiva dos ambientes naturais.
A magnitude da poluição, intrinsecamente ligada aos padrões de produção e consumo de nossa civilização, alcançou um ponto crítico. Ela se manifesta na alteração do clima planetário, com o aquecimento global impulsionando eventos climáticos extremos, na deflagração de uma crise hídrica de alcance mundial e na ameaça de tornar inabitáveis vastas regiões em poucas décadas. Conforme amplamente corroborado por estudos de instituições como a NASA e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o aquecimento global é um fato inquestionável, impulsionado predominantemente pela emissão de gases de efeito estufa (GEE).
A densidade populacional, com mais de oito bilhões de indivíduos no planeta, agrava a complexidade desses desafios. Contudo, é imperativo que a busca por soluções não negligencie o compromisso humanitário de salvaguardar bilhões de vidas da pobreza extrema, de conflitos e de catástrofes.
Nessa conjuntura, o sistema capitalista emerge como um dos principais motores do desequilíbrio ambiental. Caracterizado por um ciclo de produção em excesso, consumo com desperdício e descarte inadequado. Sua inerente lógica de livre mercado, muitas vezes sustentada por uma riqueza abstrata e por forças geopolíticas, culmina na concentração exacerbada de riqueza em poucas mãos, no excesso de mercadorias para muitos, na miséria para milhões e na proliferação de resíduos poluentes em todos os espaços civilizados. Organismos governamentais e intergovernamentais, embora existentes, frequentemente se mostram insuficientes ou enfrentam desafios significativos para conter os abusos das grandes corporações.
As instituições burocráticas e empresariais globais acomodaram os interesses de bilhões e controlam os que vivem na pobreza, é inegável que a cultura da abundância contemporânea resultou em uma melhoria substancial da qualidade de vida para a maioria, comparada à situação do século XIX. Àquela época, impressionantes 84% da população mundial vivia em extrema miséria, enquanto atualmente essa porcentagem caiu para 8,2%. Entretanto, a dimensão absoluta do problema permanece alarmante: 84% no século XIX representavam 840 milhões de pessoas, e os atuais 8,2% ainda somam cerca de 670 milhões. (Banco Mundial)
A resistência a mudanças drásticas, principalmente em contextos democráticos, parece-nos que ocorre no Brasil porque a maioria da população, entre 60% e 70%, está acomodada nas classes médias e altas e, também, porque as classes mais pobres, são mais vulneráveis à desinformação (forjada ou não). É verdade também que as instituições burocráticas e empresariais tendem a conservar suas hierarquias e formas de obtenção de lucro.
Essa dinâmica de resistência, entretanto, tende a ser abalada à medida que desastres ambientais começam a afetar a vida de pessoas com melhores posições hierárquicas e mais bem informadas.
Antes de iniciarmos nossas propostas, é fundamental ponderar sobre certas premissas ecológicas. Dentre elas, destaca-se a possibilidade de retorno em massa à vida rural. Isso não é possível com a adoção de um modelo de subsistência baseado em baixa tecnologia. No Brasil, por exemplo, uma população de aproximadamente 211 milhões de pessoas demandaria uma área agrícola e de recursos naturais consideravelmente maior do que a capacidade de suporte do território. Embora o Brasil possua cerca de 850 milhões de hectares de território total, apenas uma fração menor é efetivamente cultivável de forma sustentável, sem provocar impactos irreversíveis. Tal cenário de retorno massivo ao campo levaria, inevitavelmente, à pressão insustentável sobre os recursos naturais, intensificando a degradação ambiental e acelerando processos como a desertificação dos solos.
Outra ideia equivocada é a de que precisamos retornar aos tempos pré-industriais ou recusar avanços tecnológicos. A produção artesanal e agrícola de subsistência é incapaz de sustentar a vida dos 8 bilhões de pessoas no mundo. Além disso, algumas inovações são necessárias para diminuir a degradação ambiental, para melhorar o microclima, para combater novas doenças, para proteger trabalhadores em situação de risco, para reflorestar, combater incêndios e fazer a transição energética entre outras necessidades.
2. As emissões de GEE
As emissões de GEE aquecem o planeta porque o calor que seria devolvido para o espaço fica retido nos gases, criando assim o efeito estufa. O aquecimento global é o evento mais preocupante da crise climática, que intensifica os demais eventos
A sobrevivência humana e animal depende de temperaturas entre 0°C e 35°C. Com o aquecimento do planeta, muitos locais, frequentemente, já ultrapassam a temperatura de bulbo úmido (TBU), 35°C.
Estamos com temperatura média global de 1,2°C a 1,3°C acima dos níveis pré-industriais, com picos de 1,5°C. (IPCC 2023).
O IPCC indica que poderemos atingir um aquecimento global de 2°C em algum momento entre 2040 e 2060, se as emissões continuarem no ritmo atual. Picos de 2°C podem ocorrer já na década de 2030, dependendo das variações naturais e emissões regionais. Isso significa que. Em menos de uma década, podemos ter aumento de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e inundações; extinção de algumas espécies e destruição de ecossistema; elevação do nível do mar, afetando comunidades costeiras; redução da produtividade agrícola; aumento de doenças relacionadas ao calor e propagação de vetores.
As ondas de calor futuras podem elevar temperaturas acima de 45°C em várias regiões, impactando especialmente áreas como: Sul da Europa, partes dos Estados Unidos, Austrália, Oriente Médio, África do Norte
No Brasil, regiões como o Norte e o Centro-Oeste são mais vulneráveis a altas temperaturas e umidade extrema. Locais na Amazônia e no Pantanal, com a combinação de calor intenso e alta umidade, podem enfrentar condições insuportáveis nas próximas décadas.
Temperaturas de 45°C a 50°C, combinadas com alta umidade, podem criar condições de “calor úmido” perigosas para a sobrevivência humana. Embora seja difícil prever uma data exata, esses extremos podem se tornar mais frequentes se o aquecimento global continuar no ritmo atual.
Essas condições ressaltam a necessidade urgente de mitigar as mudanças climáticas e adaptar infraestruturas para suportar impactos mais severos.
Considerações Globais
Gases atmosféricos não respeitam fronteiras, necessitando de colaboração internacional:
2.1 Os GEE mais impactantes:
· Dióxido de Carbono (CO₂): Mais abundante e duradouro.
· Metano (CH₄): Potencial de aquecimento alto, mas menor permanência.
· Óxido Nitroso (N₂O): Potencial de aquecimento muito alto.
· Gases Fluorados: Potencial altíssimo, mas menor volume de emissão.
2.2. Proporção de Emissões Globais (por GEE):
· CO₂: Cerca de 76% (maioria da queima de combustíveis fósseis).
· CH₄ (Metano): Cerca de 16%.
· N₂O (Óxido Nitroso): Cerca de 6%.
· Gases Fluorados: Cerca de 2%.
2.3. Proporção de Emissões no Brasil (por Setor, em CO₂eq)
· Mudança de Uso da Terra e Florestas (MUT): Cerca de 49% (principalmente CO₂ do desmatamento e queimadas).
· Agropecuária: Cerca de 28% (principalmente metano da pecuária e óxido nitroso de solos/fertilizantes).
· Energia: Cerca de 18% (principalmente CO₂ do transporte e indústria).
· Processos Industriais: Cerca de 3%.
· Resíduos: Cerca de 2%.
Desconsiderando o MUT temos o seguinte quadro:
· 1º Lugar (após MUT): Agropecuária, respondendo por cerca de 52,3% do total das emissões remanescentes.
· 2º Lugar (após MUT e Agropecuária): Energia, respondendo por cerca de 39,3% do total das emissões remanescentes.
2.4. Total de Emissões Brutas do Brasil em 2022:
· Foram 2.260.000.000 tCO₂e (2,26 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente) o total de emissões brutas em 2022.
· Mudança de Uso da Terra e Florestas (MUT): 1,085 bilhão de tCO₂e. Participação no Total: 48,01%
· Agropecuária: 615 milhões de tCO₂e. Participação no Total: 27,21%
· Transporte: 203 milhões de tCO₂e. Participação no Total: 8,98%
· Indústria (Consumo de Energia): 81 milhões de tCO₂e. Participação no Total: 3,58%
· Extração e Distribuição de Combustíveis Fósseis (Emissões Fugitivas): 42 milhões de tCO₂e. Participação no Total: 1,86%
· Os setores de Transporte, Indústria (Consumo de Energia) e Extração e Distribuição de Combustíveis Fósseis (Emissões Fugitivas) fazem parte da categoria maior de “Energia”, que somou 462 milhões de tCO₂e em 2022 (ou 20,44% do total). Dados do SEEG
2.5. Geleiras e Oceanos
Geleiras (Permafrost): Não emitem CO₂ diretamente, mas o derretimento do permafrost libera metano e CO₂ de matéria orgânica congelada.
Oceanos: São os maiores sumidouros (absorvedores) de CO₂, ajudando a remover CO₂ da atmosfera. No entanto, sua capacidade de absorção diminui com o aquecimento, e a absorção excessiva causa acidificação.
2.6. Mudança de uso da terra.
As queimadas, são o principal método utilizado para a mudança de uso da terra (MUT). No Brasil, a MUT é o maior emissor de GEE, responsável por quase metade das emissões totais do país.
O Dióxido de Carbono (CO₂) é o GEE mais abundante liberado pelas queimadas. A queima da biomassa libera o carbono que estava armazenado nas árvores e no solo na forma de CO₂.
A combustão incompleta da biomassa também libera metano. Queimadas em áreas úmidas (como o Pantanal) ou com muita matéria orgânica no solo (turfas) podem liberar quantidades significativas de metano.
Embora em menor proporção, o Óxido Nitroso (N₂O) também é liberado.
Além dos GEE, as queimadas liberam grandes quantidades de fumaça, material particulado e aerossóis, que afetam a qualidade do ar (com sérios impactos na saúde humana, especialmente respiratória), a visibilidade e podem influenciar o clima regional e global.
Tanto a queimada aquece o planeta, como o aquecimento do planeta potencializa as queimadas.
2.7. Queimadas e Agropecuária:
Se considerarmos que a agropecuária é o principal vetor do desmatamento e somarmos as emissões diretas do setor com as emissões da Mudança de Uso da Terra e Florestas (MUT), a agropecuária (incluindo seu impacto indireto via desmatamento) foi responsável por impressionantes 1,7 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente em 2022, o que representa cerca de 75,22% do total de emissões brutas do Brasil.
Essa perspectiva sublinha a centralidade do setor agropecuário na agenda climática brasileira, tanto pelos desafios que apresenta quanto pelo potencial de soluções através de práticas mais sustentáveis.
2.8. Impactos das queimadas para além das emissões:
Perda de Biodiversidade: Destroem habitats e matam animais e plantas, muitas vezes espécies endêmicas.
Destruição de Ecossistemas:
· Amazônia: A Amazônia pode estar em processo de savanização.
· Desmatamento no Cerrado: A perda de vegetação nativa está afetando a biodiversidade e o ciclo hídrico.
· Degradação da Mata Atlântica: Restam apenas fragmentos do ecossistema, com perdas significativas de espécies.
Degradação do Solo: Reduzem a matéria orgânica, a fertilidade e a capacidade de retenção de água do solo, tornando-o mais vulnerável à erosão.
Ciclo Hídrico: Interrompem o ciclo da água, afetando a formação de chuvas, especialmente na Amazônia, que atua como uma “bomba d’água” para outras regiões do Brasil e da América do Sul.
Prejuízos Econômicos: Destroem propriedades, infraestrutura e impactam atividades como o turismo.
2.9. Queima de combustível fóssil
No Brasil, ao agrupar as emissões de Mudança de Uso da Terra (MUT) e da Agropecuária — setores intrinsecamente relacionados —, o setor de energia emerge como o segundo maior responsável pelas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Em 2022, este setor totalizou 203 milhões de toneladas de CO₂ equivalente (MtCO₂e).
Dentro do setor energético, o transporte destaca-se como o maior contribuinte, respondendo por cerca de 49% das emissões. A indústria da transformação e construção é responsável por aproximadamente 32% do total, enquanto as indústrias de energia (incluindo a extração, refino e geração para o próprio setor) contribuem com cerca de 12%. É crucial ressaltar que os combustíveis fósseis geram poluição e emitem GEE em todas as etapas, desde a sua extração.
A locomoção de produtos e pessoas, que só o setor de transporte emitiu cerca de 99 MtCO₂e em 2022, precisa ser radicalmente reorganizada. Impõe-se uma nova cultura que priorize a redução de distâncias físicas, a expansão do uso de plataformas virtuais e a adoção maciça de modais de transporte não poluentes.
A maior parte das emissões relacionadas à queima de combustíveis fósseis se concentra nas zonas urbanas e periurbanas, onde a frota de veículos é mais densa e há maior concentração industrial.
O setor industrial também clama por um repensar profundo e uma reorganização sob uma nova lógica cultural. A transição para uma economia circular, onde a principal fonte de recursos materiais são os produtos descartados, é fundamental. Além disso, a energia consumida deve ser limpa, de fontes não poluentes e com impactos ambientais significativamente reduzidos. Em 2022, as emissões diretas dos processos industriais foram de aproximadamente 40 MtCO₂e, e o consumo de energia pela indústria adicionou cerca de 65 MtCO₂e ao setor de energia, totalizando uma pegada industrial relevante.
Por fim, a expansão de grandes hidrelétricas, para além das já implantadas, não deve ser considerada a principal solução para a matriz energética. Seus impactos ambientais e sociais locais devem ser rigorosamente ponderados, especialmente em projetos de grande porte que envolvem vastas represas, como o caso de Belo Monte, no Brasil, que demonstram as complexas externalidades desse modelo.
O Projeto Belo Monte
Belo Monte é a maior usina 100% brasileira e a segunda maior hidrelétrica do país em capacidade.
O alagamento de vastas áreas degradou ecossistemas e afetou a biodiversidade do rio Xingu. Além disso, reduziu a vazão do rio em áreas críticas, prejudicando espécies de peixes e populações ribeirinhas.
Famílias ribeirinhas, indígenas e outras comunidades foram afetadas e ou deslocadas. Os Kayapó, por exemplo, sofreram com a destruição de seus territórios tradicionais e a perda de recursos naturais essenciais.
A usina opera, mas não gera sua capacidade máxima devido ao fluxo irregular do Xingu.
2.10 *Ações Propostas para Redução de Emissões de GEE no Brasil
As principais frentes de ação incluem:
2.10.1. Combate ao desmatamento:
Prioridade: A interrupção imediata do desmatamento ilegal é a medida mais urgente e eficaz para reduzir as emissões de CO₂ no Brasil. Isso implica fortalecer a fiscalização, inteligência e aplicação da lei.
2.10.2. Reflorestamento e Restauração Ecológica:
É muito importante investir em programas de reflorestamento em larga escala e restauração de áreas degradadas. Além de remover CO₂ da atmosfera através da fotossíntese (sequestro de carbono), a restauração florestal contribui para a recuperação da biodiversidade, proteção de bacias hídricas e manutenção de serviços ecossistêmicos essenciais. Com funcionamento sem desperdícios e poluição.
Quem mais conhece as florestas são os moradores locais de modo que as ações devem ser planejadas e executadas com aval das comunidades. No entanto é sabido que cidades e estradas provocam descontinuidades que prejudicam a vida animal. Assim, a construção de pontes vivas deve ser feita prioritariamente.
Embora distantes, os cosmopolitas devem conhecer a importância das florestas. O papel educativo do governo em relação às florestas deve ser amplo.
2.10.3. Controle e Prevenção de Queimadas e Incêndios Florestais:
Gestão Integrada do Fogo: As queimadas, frequentemente associadas ao desmatamento para limpeza de áreas e manejo agrícola inadequado, exigem uma estratégia de gestão integrada do fogo. Isso inclui:
§ Monitoramento Ativo: Utilização contínua de tecnologias de sensoriamento remoto (satélites, drones) para detecção precoce de focos de incêndio.
§ Fiscalização Rigorosa: Aplicação de sanções para queimadas ilegais e combate ao uso do fogo como ferramenta de desmatamento.
§ Manejo do Fogo: Desenvolvimento e implementação de técnicas de manejo integrado do fogo.
§ Apoio Técnico a Produtores: Oferecer alternativas e treinamento a produtores rurais para a substituição do uso do fogo por práticas agrícolas mais sustentáveis.
2.10.4. Fortalecimento e Modernização dos Corpos de Combate a Incêndios florestais:
· Capacitação Profissional: É imperativo equipar e instruir adequadamente o corpo de brigadistas e combatentes de incêndio, incluindo bombeiros, agentes ambientais e comunidades locais. Isso abrange treinamento contínuo em técnicas de combate, segurança e primeiros socorros.
· Tecnologias Avançadas: O investimento em novas tecnologias é fundamental para a eficácia do combate. Isso inclui:
o Drones: Para monitoramento em tempo real de grandes áreas, mapeamento de focos e avaliação de riscos.
o Sistemas de Informação Geográfica (SIG): Para análise de dados, planejamento de ações e gestão de recursos.
o Inteligência Artificial e Machine Learning: Para modelagem preditiva de riscos de incêndio e identificação de padrões.
o Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): Modernos e adequados para a segurança dos combatentes.
o Comunicação e Logística: Sistemas robustos de comunicação para coordenação rápida e eficaz das equipes em campo, bem como logística otimizada para deslocamento de recursos
2.10.5. Incentivo a Práticas Agrícolas Sustentáveis:
· Promover a intensificação sustentável da agropecuária, com foco em técnicas que reduzem a necessidade de novas áreas e as emissões, como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), recuperação de pastagens degradadas, plantio direto e uso eficiente de fertilizantes.
· Educação alimentar para reduzir o consumo de carne.
· Agrofloresta
· Cultivo controlado
· Promover o uso eficiente e multifuncional do solo, evitando a expansão descontrolada de monoculturas para biocombustíveis (como a cana-de-açúcar) que possam competir com a produção de alimentos ou impactar biomas sensíveis. A produção de biocombustíveis deve estar atrelada a práticas de cultivo sustentáveis e não promover o desmatamento.
2.10.6. Arcabouço Legal e Governança Ambiental:
· Garantir a existência e o cumprimento de leis ambientais robustas, com fiscalização efetiva e punição para crimes ambientais. Fortalecer as instituições responsáveis pela governança ambiental.
2.10.7. Mobilidade Sustentável:
Para impulsionar a descarbonização do setor de transporte e construir uma mobilidade verdadeiramente sustentável, propõem-se as seguintes ações estratégicas:
2.10.8. Planejamento Urbano e Redução da Demanda:
· Priorizar o planejamento urbano que diminua as distâncias entre residências, centros de estudo e locais de trabalho, incentivando cidades compactas e de uso misto, reduzindo a necessidade de deslocamentos diários extensos.
· Expandir e modernizar significativamente a rede ferroviária, com foco na eletrificação, tanto para o transporte de passageiros (interurbano e metropolitano) quanto de cargas, promovendo uma massiva mudança modal do rodoviário para o ferroviário.
· Investir massivamente na melhoria, expansão e integração dos sistemas de transporte público urbano (ônibus, metrôs, VLTs), tornando-os eficientes, acessíveis, confortáveis e atraentes, como a principal opção de deslocamento para a maioria da população.
· Criar e aprimorar infraestruturas seguras e abrangentes para mobilidade ativa (caminhada e ciclismo), com calçadas adequadas, ciclovias conectadas e estacionamentos seguros para bicicletas.
· Acelerar a transição da frota de veículos movidos a combustíveis fósseis para veículos elétricos e, a longo prazo, para aqueles movidos a hidrogênio verde, cobrindo desde veículos leves até pesados, tanto para passageiros quanto para cargas. Incentivar o abastecimento através de placas solares.
· Implementar políticas robustas de incentivo à aquisição e à produção de veículos elétricos e de hidrogênio, incluindo subsídios, desonerações fiscais, linhas de crédito facilitadas e a criação de uma infraestrutura de recarga/abastecimento capilar e acessível em todo o território.
· Incentivar a pesquisa, desenvolvimento e produção local de veículos elétricos, componentes automotivos e tecnologias de captação e armazenamento de energia (incluindo solar), por meio de investimentos em universidades, escolas técnicas e centros de pesquisa públicos. Isso visa capacitar mão de obra e promover a soberania tecnológica.
· Estruturar e regulamentar programas de coleta, desmonte e reciclagem de veículos em fim de vida, garantindo o descarte ambientalmente correto, a recuperação e reintrodução de materiais na cadeia produtiva, em uma abordagem de economia circular.
· Estabelecer uma estratégia de não expansão e eventual redução da produção de petróleo e gás fóssil no país, redirecionando investimentos para fontes de energia renovável e tecnologias limpas, em linha com as metas climáticas globais e a segurança energética de longo prazo.
· Adequar a legislação e as políticas tributárias (incentivos, taxas, impostos) para criar um ambiente regulatório favorável que acelere a transição energética e a adoção de práticas sustentáveis em todo o setor de mobilidade.
· Implementar mecanismos de monitoramento e reporte de emissões que garantam a transparência e a efetividade das ações.
· Desenvolver campanhas de conscientização e programas educacionais para promover a mudança de hábitos de deslocamento, incentivando o uso de transportes coletivos, ativos e veículos de baixa emissão, e a valorização de uma cultura de mobilidade mais sustentável.
3. Eventos climáticos extremos
3.1. Impactos: Aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos: Tempestades, furacões, inundações e secas mais frequentes e severas.
3.2. Ações propostas de adaptação:
3.2.1. Fortalecimento de Infraestruturas
Reforçar a resiliência de edificações, pontes, redes de energia e outras infraestruturas críticas contra ventos fortes, inundações, deslizamentos e outros eventos extremos.
Expandir, treinar e equipar melhor as equipes socorristas.
3.2.2. Aumento da Permeabilidade do Solo:
Promover o uso de superfícies permeáveis em áreas urbanas e rurais para facilitar a infiltração de água, reduzindo enchentes e recarregando lençóis freáticos.
3.2.3. Sistemas de Armazenamento de Água:
Desenvolver e implementar sistemas eficientes de captação, reservatórios e armazenamento de água para uso em períodos de seca e para controle de enchentes.
3.2.4. Proteção da Rede Elétrica:
Realizar o aterramento de cabos elétricos, enterrar fiações e implementar outras medidas para proteger a infraestrutura de energia contra danos causados por ventos, raios e inundações.
3.2.5. Manejo e Poda de Árvores:
Realizar podas preventivas e manejo adequado da vegetação urbana e rural para evitar quedas de árvores e danos à infraestrutura durante eventos climáticos extremos.
4. Elevação do Nível do Mar
4.1. Impacto: O derretimento das geleiras e da expansão térmica dos oceanos eleva o nível do mar, ameaçando áreas costeiras e ilhas.
4.2. Ações propostas de adaptação:
4.2.1. Proteção Costeira Natural e Artificial:
Implementar soluções baseadas na natureza (como restauração de manguezais, dunas e recifes de corais) e, quando necessário, estruturas artificiais (diques, barreiras, muros de contenção) para proteger comunidades e infraestruturas costeiras.
4.2.2. Planejamento Urbano e Zoneamento Costeiro:
Reavaliar e ajustar planos diretores, códigos de construção e zoneamentos urbanos em áreas costeiras de baixo nível, restringindo novas construções em zonas de risco e planejando a retirada ou realocação gradual de populações e infraestruturas vulneráveis.
4.2.3. Adaptação de Infraestruturas Essenciais:
Construir ou adaptar infraestruturas críticas (portos, sistemas de saneamento, estradas, sistemas de energia) para serem resilientes à elevação do nível do mar e a inundações costeiras mais frequentes.
4.2.4. Sistemas de Alerta Precoce:
Desenvolver e aprimorar sistemas de monitoramento e alerta para marés de tempestade, ressacas e inundações costeiras.
5. Acidificação dos Oceanos
5.1. Impacto: Ocorre pela absorção excessiva de dióxido de carbono (CO2) pelos oceanos, afetando a vida marinha, especialmente organismos com conchas e esqueletos de carbonato de cálcio. Quanto mais CO2 na atmosfera, maior a sua pressão sobre a superfície e consequentemente, maior é a absorção.
5.2. Ações propostas de adaptação e mitigação:
5.2.1. Redução Drástica das Emissões de CO2:
Essa é a principal medida para combater (mitigar) a acidificação.
5.2.2. Promoção de Pesca Sustentável e Manejo de Ecossistemas Marinhos:
Adotar práticas de pesca responsáveis para reduzir o estresse sobre as populações marinhas e proteger ecossistemas (como recifes de corais e leitos de algas marinhas), tornando-os mais resilientes aos impactos da acidificação.
5.2.3. Criação e Expansão de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs):
Estabelecer e gerenciar AMPs para proteger a biodiversidade marinha e fornecer refúgios para espécies vulneráveis, permitindo que se recuperem de múltiplos estresses ambientais.
6. Alterações nos Padrões de Precipitação:
6.1. Impactos:
As alterações nos padrões de precipitação resultam em períodos de seca mais prolongados em algumas regiões e chuvas mais intensas e concentradas em outras, impactando a disponibilidade de água e a agricultura.
No Brasil, o aumento da frequência de chuvas intensas é esperado principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Esses eventos podem levar a inundações e deslizamentos de terra nessas áreas, devido às mudanças nos padrões climáticos.
Além do Sudeste e Sul, a região Amazônica também pode enfrentar chuvas mais intensas, resultando em inundações. Áreas urbanas e costeiras no Nordeste também são vulneráveis a esse tipo de evento devido à urbanização e infraestrutura inadequada para lidar com precipitações extremas.
6.2. Ações propostas de adaptação
6.2.1. Gestão Integrada de Águas Pluviais Urbanas:
Construção de piscinas de escoamento, bacias de retenção, jardins de filtragem e telhados verdes para gerenciar o excesso de água em locais de alagamento.
6.2.2. Manutenção Preventiva de Sistemas de Drenagem:
Realizar a limpeza regular de bueiros, galerias pluviais e canais de drenagem para garantir o fluxo adequado da água e prevenir inundações.
6.2.3. Incentivo à Permeabilidade do Solo:
Promover a desimpermeabilização do solo em áreas urbanas e no entorno de regiões de alagamento, utilizando pavimentos permeáveis e criando mais áreas verdes.
6.2.4. Reflorestamento e Plantio de Espécies Nativas:
Realizar o plantio de árvores nativas da região para auxiliar na absorção da água da chuva, reduzir o escoamento superficial, combater a erosão e recarregar aquíferos.
6.2.5. Captação e Armazenamento de Água da Chuva:
Implementar sistemas eficientes para coletar e armazenar água da chuva para uso agrícola, industrial e doméstico em áreas afetadas pela seca.
6.2.6. Tecnologias de Coleta de Água da Atmosfera:
Incentivar o desenvolvimento e uso de equipamentos de coleta de água da atmosfera (como coletores de neblina)
7. Degelo Polar e Glaciar:
7.1. Impactos: Acelera as mudanças no clima global, contribui para a elevação do nível do mar e pode afetar o ciclo global do carbono. As geleiras são essenciais para a regulação climática global, refletindo a luz solar, mantendo os níveis dos oceanos e influenciando os padrões climáticos e a disponibilidade de água doce.
7.2. Ações propostas de adaptação
7.2.1. Mitigação das Causas Raiz do Aquecimento Global:
Zerar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) é a ação mais fundamental para desacelerar o degelo. Isso envolve a transição global para energias renováveis, eficiência energética e a descarbonização de todos os setores da economia.
7.2.2. Sequestro de GEE da Atmosfera:
Desenvolver e implementar tecnologias de remoção de dióxido de carbono da atmosfera (DAC – Direct Air Capture) e promover o aumento de sumidouros naturais de carbono (reflorestamento em larga escala, recuperação de solos e oceanos).
7.2.3. Monitoramento e Pesquisa:
Fortalecer programas de pesquisa e monitoramento contínuo das regiões polares e glaciares para entender a dinâmica do degelo, seus impactos e desenvolver estratégias de adaptação.
7.2.4. Gestão de Recursos Hídricos em Regiões Dependentes:
Desenvolver planos de gestão de recursos hídricos para comunidades e ecossistemas que dependem da água de degelo de geleiras e picos nevados, que serão afetados pela diminuição gradual dessas fontes.
8. Crise Hídrica.
A crise hídrica se manifesta pela escassez de água potável causada pela poluição dos corpos hídricos e ou pelo uso intensivo e abusivo de água doce.
O Brasil detém cerca de 12% da água doce superficial do mundo, com grande parte na Bacia Amazônica. O Brasil, detentor da maior disponibilidade hídrica do mundo, possui uma vazão média anual de 180 mil m³/s. O desafio é manter essa disponibilidade e assegurar a potabilidade.
· Uso na Agricultura: Aproximadamente 72% do uso total de água no Brasil.
· Indústria: Representa cerca de 9%.
· Exploração de Recursos Naturais: A água é utilizada na mineração e produção de energia, com impacto significativo em algumas regiões.
· Desigualdade Regional: A região Norte concentra a maioria dos recursos hídricos, enquanto o Nordeste enfrenta escassez, exigindo gestão cuidadosa.
8.1 Poluição Hídrica:
O ciclo hidrológico, é o processo contínuo de circulação da água na Terra. Quando ocorre sem a intervenção humana, a água consumida é purificada no processo. A poluição hídrica ocorre principalmente devido ao descarte inadequado de efluentes industriais, agrícolas e domésticos em corpos d’água doce. Esse uso intensivo e sem cuidados especiais leva à contaminação por substâncias químicas, metais pesados, nutrientes em excesso e patógenos. Isso pode afetar a qualidade da água, prejudicando ecossistemas aquáticos e a saúde humana.
8.2 Escassez hídrica:
A água potável está se tornando mais escassa devido à poluição dos corpos hídricos e à intensificação da evaporação causada pelo aquecimento global. Estima-se que 97,5% da água no mundo é salgada e inadequada para consumo direto ou irrigação. Dos 2,5% de água doce, 69% estão em geleiras de difícil acesso, 30% são águas subterrâneas em aquíferos, e apenas 1% está nos rios (ANA, s/d).
8.3 Água Virtual:
Refere-se à quantidade de água usada na produção agrícola e nas indústrias de bebidas para exportação.
Cerca de 72% da água usada no Brasil é para a agricultura. Um grande volume dessa água está embutido nos produtos agrícolas exportados, como soja, café e açúcar.
Estima-se que para produzir um litro de refrigerante são necessários entre 1,25 e 1,71 litros de água, dependendo da eficiência dos processos. Em 2023, o Brasil produziu mais de 23 bilhões de litros de refrigerantes e exportou sucos para 120 países.
O Brasil é um dos maiores exportadores de água virtual do mundo, dado o volume significativo de exportação de commodities agrícolas. A exportação de água virtual pode impactar a disponibilidade de água no Brasil, e isso já está ocorrendo. Aqui estão alguns pontos importantes:
A intensa demanda por água na agricultura para produtos de exportação pode reduzir a disponibilidade de água para outros usos domésticos e industriais.
Áreas como o Cerrado e partes do Nordeste, que já enfrentam escassez hídrica, são particularmente afetadas pela exportação de água virtual.
A quase ausência de atribuição de valor aos recursos naturais, torna os produtos competitivos internacionalmente, mas à custa dos recursos hídricos.
8.4 Ações propostas:
. Fiscalização rigorosa das empresas quanto ao tratamento adequado dos seus efluxos;
. Tornar a prática agrícola muito menos poluente, inibindo o uso de agrotóxicos, protegendo os corpos de água e adotando cultivo mais controlado e ou orgânico (estufas, hidroponia, fertilizantes orgânicos, etc).
. Melhoramento e manutenção da Rede de Esgoto pública: Investir em infraestrutura para tratar efluentes de forma eficaz.
. Tornar o solo mais permeável e filtrante, principalmente nas zonas urbanas, através do plantio de árvores nativas, criação de jardins filtrantes, substituição de pisos de calçadas e ruas.
· Tornar obrigatória a prática do reuso e de captação de água da chuva por grandes e médias empresas.
· Incentivar e fornecer orientação de como captar e tratar a água da chuva nas residências.
· Orientação ecológica do avanço técnico e científico, bem como a fabricação de equipamentos adequados para o tratamento de água da chuva, reuso e efluentes
· Restringir o uso de água potável em indústrias, inclusive na agropecuária. Incentivar o reuso, a captação da água da chuva, irrigação por gotejamento
· Reflorestamento
· Proteção de Nascentes.
· Hidroponia: reduz em até 90% o consumo de água e aumentando significativamente a produtividade agrícola.
· Cultivo de Plantas Menos Dependentes de Água
· Reconhecimento e atribuição mais valor aos recursos naturais, considerando o tempo que a natureza leva para se recuperar. Quando não for renovável, o recurso deve ser preservado na origem.
· Regulamentar a exportação de água virtual: Impedir que uma quantidade impactante seja retirada do ciclo brasileiro de água. Adotar práticas transparentes em relação ao consumo de água virtual por setores empresariais ligadas ao comércio internacional.
9. Resíduos Sólidos
9.1. Falhas no Fluxo de Resíduos
Separação inadequada: Empresas e residências frequentemente não realizam a separação correta dos resíduos recicláveis, o que dificulta a reciclagem e sobrecarrega aterros sanitários.
Coleta insuficiente: O serviço de coleta enfrenta lacunas operacionais e de cobertura, o que estimula uma rede paralela, informal e insalubre de catadores — uma atividade historicamente mal remunerada e desprotegida.
Destino incerto: Mesmo após a coleta, muitos resíduos recicláveis ou perigosos têm destinos desconhecidos, alimentando estatísticas preocupantes de poluição ambiental e riscos à saúde pública.
Isopor, espuma e tecidos: Materiais como poliestireno expandido (isopor), espumas sintéticas e tecidos possuem baixo valor de mercado e raramente contam com coleta seletiva específica ou tecnologias de reciclagem em grande escala, sendo encaminhados quase sempre para aterros sanitários. Segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, mais de 90% do isopor produzido no Brasil ainda é descartado inadequadamente.
Lixo orgânico: Ainda existe baixa adesão à compostagem domiciliar ou comunitária. Em cidades como Rio de Janeiro e Salvador, a maior parte dos resíduos orgânicos vai diretamente para os aterros. Poucos municípios brasileiros oferecem coleta separada de orgânicos, apesar de já existirem iniciativas exemplares, como em Florianópolis e Porto Alegre, que possuem projetos públicos de compostagem.
Orgânicos nos aterros: A decomposição anaeróbica de resíduos orgânicos em aterros sanitários gera gases de efeito estufa (GEE), principalmente metano. Estima-se que resíduos orgânicos descartados em aterros respondam por cerca de 6 milhões de toneladas de GEE lançados anualmente, o que equivale à poluição gerada por aproximadamente 3 milhões de carros movidos a gasolina.
Vetor de doenças: A má disposição de resíduos facilita o surgimento de vetores, como ratos, baratas e moscas, que transmitem surtos de doenças como dengue, leptospirose e diarréias.
Contaminação ambiental: O chorume produzido pelos resíduos não tratados pode poluir os lençóis freáticos e cursos de água, comprometendo o abastecimento hídrico e contribuindo para a degradação do solo.
9.2. Responsabilidade e Fiscalização
· Papel das empresas: Muitas empresas responsáveis pela coleta e destinação dos resíduos não cumprem integralmente suas obrigações legais, principalmente fora dos grandes centros urbanos, onde a fiscalização é falha e o incentivo à destinação adequada é baixo. A fiscalização é irregular e varia muito entre estados e municípios. Segundo o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2023, “menos de 25% dos municípios fiscalizam de forma efetiva a logística reversa.”
Resíduos sem solução: Materiais como espuma, tecidos mistos e resíduos orgânicos ainda não encontram viabilidade técnica e econômica para reciclagem em escala, perpetuando o ciclo de descarte irregular.
Taxa de Coleta de Lixo: Geralmente, ela é cobrada dos proprietários de imóveis (residenciais, comerciais e industriais) via IPTU. Muitas empresas pagam taxas diferenciadas proporcionais à quantidade ou tipo de resíduo gerado.
Variação de critérios: Algumas cidades utilizam critérios específicos para empresas, como volume, frequência de coleta ou natureza dos resíduos, aplicando valores diferenciados em relação aos domicílios comuns.
Logística Reversa e Responsabilidade Pós-Consumo. Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010): Institui a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, obrigando empresas a organizar sistemas de logística reversa para recolher e destinar corretamente resíduos de embalagens, eletroeletrônicos, pneus, lâmpadas, baterias, medicamentos, entre outros. Empresas podem ser multadas quando não cumprem as metas de logística reversa; essas infrações podem resultar em multas, advertências e até suspensão de atividades.
Setores específicos: Embalagens, eletroeletrônicos e agrotóxicos têm acordos setoriais que exigem o recolhimento de resíduos. Empresas desses setores são fiscalizadas e, em caso de descumprimento, podem arcar com custos ambientais e legais.
Licenciamento ambiental: Indústrias e grandes geradores precisam apresentar planos de gerenciamento de resíduos e custodiar a destinação adequada, sob pena de multas e sanções ambientais.
Taxas específicas: Algumas cidades aplicam taxas ou tarifas sobre o volume/tipo de resíduo industrial descartado, especialmente se há necessidade de tratamento especial.
9.3. Comparativo Internacional
Europa: Muitos países europeus aplicam o princípio “poluidor-pagador”, instituindo a tributação direta ou indireta sobre empresas com base no volume e tipo de resíduos produzidos. Exemplos: taxa de aterro, taxa de incineração, cobrança progressiva para incentivar redução, reciclagem e reuso.
EUA: Existem distintos modelos estaduais e municipais; cidades como São Francisco cobram taxas proporcionais à quantidade e tipo de resíduo.
9.4. Exemplos regionais de falhas no destino
Norte e Nordeste: Várias cidades ainda utilizam lixões a céu aberto ou aterros sem controle ambiental, mesmo após as metas de extinção desses locais estabelecidas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Áreas rurais e cidades pequenas: Coleta seletiva, compostagem e reciclagem são raras ou inexistentes, e os resíduos costumam ser queimados ou enterrados, agravando poluição e emissões de GEE.
9.5. Ações propostas:
· A lei sobre taxas e penalidades para os resíduos de empresas precisa ser alterada para que os valores sejam condizentes com os gastos que se fazem necessários para dar uma destinação correta aos resíduos. Esse é um ponto fundamental para promover a economia circular.
· A coleta seletiva informal deve ser incorporada na formal, de modo que o trabalho seja salubre e recompensado de acordo com as normas legais.
· O Governo Federal, seja através do IBAMA ou por outras vias, deve cobrar das Prefeituras ações efetivas em relação aos resíduos.
· A reorganização da coleta deve acontecer de modo a satisfazer as premissas da economia circular, da saúde pública, das leis trabalhistas e das receitas.
A coleta residencial deve ser seletiva segundo: materiais orgânicos (compostáveis), materiais especiais (pilhas e outras baterias, lâmpadas, aparelhos eletrônicos, remédios e materiais tóxicos ou perigosos), materiais recicláveis (incluindo isopor, espuma, tecido e tetra pak)
· Criação de postos de tratamento de materiais para reutilização.
10. Desertificação
Desertificação é o processo de degradação severa do solo em áreas suscetíveis, tornando-as improdutivas, com perda de vegetação e capacidade agrícola/pastoril. Não se trata da formação de “um deserto” clássico, mas de ambientes cada vez mais áridos e improdutivos.
10.1. Principais causas da desertificação no Brasil
§ Desmatamento e retirada da vegetação nativa:
§ Superexploração do solo
§ Uso inadequado e queimadas frequentes
§ Irrigação inadequada
§ Secas prolongadas
§ Pobreza e falta de políticas públicas
10.2. Locais desertificados ou em risco no Brasil
Polígono das Secas (Nordeste)
Bahia (região de Campo Formoso, Juazeiro e Barreiras)
· Semiárido mineiro e norte do Espírito Santo
10.3. Consequências:
Redução da produtividade agrícola e pecuária.
Empobrecimento da população local, migração forçada.
Elevação das temperaturas e alteração do microclima.
Perda de biodiversidade e aumento do risco de incêndios.
10.4. Ações propostas:
Recuperação do solo (plantio direto, adubação verde).
Proteção de nascentes, reflorestamento.
Educação ambiental e assistência técnica rural.
Políticas públicas integradas para gestão do território.
11. Crise alimentar
Os relatórios do IPCC alertam que a segurança alimentar global está sob risco crescente devido às mudanças climáticas, especialmente pelo aumento nas temperaturas, eventos extremos e alterações nos padrões de chuva. crise
11.1. Europa
A Europa já apresenta sintomas de uma crise alimentar:
· Secas históricas em 2022 e 2023: Prejuízos severos em safras de cereais, azeite, frutas e vinhos na Espanha, França, Itália e Alemanha.
Ondas de calor: Redução de produtividade, maior risco de incêndios florestais, prejuízos para produção animal e vegetal.
Enchentes, tempestades: Perdas localizadas de safras e destruição de infraestrutura agrícola.
Guerra na Ucrânia: Dificultou o acesso a grãos, fertilizantes e elevou custos de produção.
Aumento de preços e insegurança alimentar: Elevação dos preços para consumidores e racionamento pontual de alimentos.
11.2. Brasil: Projeção de impactos a partir de 2030
Para o Brasil, os modelos climáticos, incluindo do IPCC e da NASA, indicam que:
Risco para regiões sensíveis: Cerrado, semiárido nordestino e parte do Centro-Oeste podem sofrer com estiagens mais severas, eventos de calor extremo e redução do regime de chuvas até 2030.
Cultura agrícola em risco: Soja, milho, café e cana podem sofrer com a instabilidade climática, trazendo volatilidade de preços e riscos de abastecimento.
Regiões inabitáveis: Modelos da NASA e estudos do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas apontam que algumas áreas do semiárido podem ter condições muito desfavoráveis para a permanência humana e produtividade agrícola a partir de meados do século.
Segurança alimentar: Grupos mais pobres, comunidades rurais e periferias urbanas tendem a ser os mais prejudicados.
11.3. Recomendações dos órgãos internacionais
Adaptação urgente: Investimentos em irrigação sustentável, manejo do solo e novas variedades mais resistentes.
Mudança de matrizes agrícolas: Diversificação de culturas e descentralização da produção.
Combate ao desmatamento: Proteção de biomas é fundamental para manter estabilidade climática.
Políticas públicas de segurança alimentar: Garantir estoques reguladores e apoio a populações vulneráveis.
12. Saúde Pública em geral e Saúde Mental em particular.
As mudanças climáticas e a crise hídrica afetam diretamente e indiretamente o bem-estar físico e psicológico das populações. O IPCC aponta o crescimento já observado de doenças físicas e transtornos mentais em decorrência desses fenômenos. Além disso, a rápida transformação dos ambientes virtuais apresenta riscos potenciais (e ainda pouco conhecidos) à saúde mental, principalmente entre jovens — fenômeno que merece atenção de famílias, escolas e políticas públicas. Efeitos físicos e diretos
Ondas de calor: Aumentam o risco de insolação, desidratação, doenças cardiovasculares e respiratórias, especialmente em idosos, crianças e pessoas vulneráveis.
Crise hídrica: Gera escassez de água potável, aumento de doenças transmitidas por água contaminada (diarreia, hepatites), higiene precária.
Aumento de vetores: Condições climáticas alteradas favorecem proliferação de mosquitos (dengue, zika, chikungunya, malária).
Eventos extremos: Tempestades, enchentes, deslizamentos aumentam riscos de ferimentos, mortes, deslocamento de populações e exposição a doenças.
Microplásticos: Ingestão crescente no ecossistema, impactos ainda pouco conhecidos na saúde humana, mas em investigação.
12.1. Efeitos sobre a saúde mental
O IPCC destaca que a exposição a desastres climáticos pode desencadear ou agravar:
Ansiedade e depressão: Especialmente em grupos que perdem suas casas, meios de vida ou familiares por conta de desastres naturais.
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): Comum após enchentes, queimadas ou deslocamentos forçados.
Eco-ansiedade: Termo emergente para o sofrimento psíquico causado pela preocupação com as mudanças ambientais e um futuro incerto.
Desagregação social: Solidariedade coletiva afetada por migração ou perda de laços comunitários.
O IPCC alerta que problemas têm chance de crescer exponencialmente em populações mais vulneráveis, como crianças, idosos, comunidades indígenas e ribeirinhas.
Muitas regiões ainda não têm políticas integradas de cuidado com a saúde mental após eventos climáticos extremos.
12.2. Ambientes virtuais
As mídias digitais criaram um ambiente virtual com forte potencial de causar novas doenças físicas (tendinites, etc) e mentais. Destacamos as doenças mentais, cujos sintomas são mais difíceis de perceber e diagnosticar.
Redes sociais e ambientes digitais têm potencial para causar isolamento, dependência digital, dificuldade de socialização fora da internet, ansiedade social e imobilidade voluntária (“hikikomori”).
Déficit de atenção: Exposição contínua a estímulos rápidos e fragmentados pode dificultar a concentração e a formação de memórias.
Crescimento de queixas de fobia social: Muitos jovens relatam desconforto ou ansiedade ao sair de casa ou interagir presencialmente, um fenômeno cada vez mais estudado.
É importante notar que, embora haja vasta literatura sobre o impacto das mudanças ambientais na saúde física, os efeitos das transformações digitais na saúde mental estão menos mapeados e são ainda alvo de pesquisas, mas já preocupam educadores, psicólogos e psiquiatras.
Também é digno de atenção o fato de que muitos trabalhos informais são feitos através de plataformas globais, sem atender legislação trabalhista brasileira. Isso também gera stress e insalubridade. A necessidade de regulamentação do trabalho em plataformas é muito importante. O ideal seria a criação de plataformas patrocinadas pelo Estado e gerida coletivamente.
12.3. Segurança no Trabalho
O Brasil vive um quadro preocupante de acidentes de trabalho, que tende a se agravar com as mudanças climáticas se não houver adaptações urgentes. Os combatentes de incêndio, em especial, representam um grupo de alto risco, tanto para óbitos quanto para doenças crônicas. Tornar as condições de trabalho mais seguras e saudáveis, ajustar jornadas e investir em equipamentos e suporte psicológico são ações fundamentais para enfrentar esse novo cenário.
O Brasil está entre os países com maior número absoluto de acidentes de trabalho no mundo. Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (OIT e MPT), mais de 613 mil acidentes de trabalho foram registrados em 2022, resultando em milhares de mortes e sequelas permanentes.
Setores como construção civil, agricultura, indústria extrativa e combate a incêndios estão entre os mais afetados
12.4. Riscos Agravados pelas Mudanças Climáticas
1. Ondas de calor e exposição solar
Trabalhos sob o sol intenso elevam o risco de exaustão, desidratação, insolação e desmaios, além de acidentes por queda de atenção ou fadiga.
Equipamentos de proteção (EPIs) tradicionais podem aumentar o desconforto térmico, pois limitam a evaporação do suor e abafam o corpo.
2. Eventos climáticos extremos
Enchentes, vendavais e queimadas aumentam o risco de acidentes graves e mortes instantâneas por soterramento, choque elétrico ou quedas de estruturas.
Trabalhadores rurais e de combate a incêndios são especialmente vulneráveis.
12.5. Combatentes de Incêndio: atenção especial
A frequência e intensidade das queimadas aumentaram no Brasil, especialmente em biomas como Pantanal, Amazônia e Cerrado.
Riscos diretos: Muitos combatentes morrem ou ficam gravemente feridos durante a atuação, seja por queimaduras, quedas, intoxicação por fumaça, colapso térmico ou desabamento de árvores.
Riscos à saúde a longo prazo: Grande incidência de doenças respiratórias crônicas devido à exposição a fuligem, gases tóxicos e partículas.
Casos de estresse pós-traumático e sofrimento mental também são recorrentes.
12.6. Medidas de Proteção e Recomendações (OIT, OMS, IPCC)
Adaptação das jornadas: Suspender trabalhos ao ar livre nos horários mais quentes do dia, especialmente durante ondas de calor.
EPIs adequados: Investir em equipamentos leves com ventilação e proteção UV. É crucial o fornecimento de máscaras eficientes, inclusive para filtrar fumaça.
Capacitação: Treinamento contínuo para prevenção de acidentes e reconhecimento de sinais precoces de exaustão térmica.
Apoio psicológico: Suporte e monitoramento da saúde mental — especialmente para trabalhadores expostos a situações extremas como incêndios.
Monitoramento ambiental: Sistemas de alerta para extremos climáticos e protocolos de evacuação rápida.
12.7. Ações propostas.
· Desenvolver e implementar Planos de Ação e Contingência para Ondas de Calor e desastres, que incluam sistemas de alerta precoce e campanhas de conscientização. equipes de saúde de resposta rápida e apoio psicossocial. Aprimorar Sistemas de Alerta e Evacuação e priorizar a construção de Infraestrutura Resiliente. Criar “Centros de Resfriamento” em espaços públicos e promover Soluções Baseadas na Natureza no urbanismo, como a arborização urbana para reduzir ilhas de calor.
· Fortalecer a Infraestrutura de Saneamento e Tratamento de Água, investindo na universalização do acesso e em tecnologias de reuso e captação de água pluvial. Aprimorar a Vigilância Epidemiológica e realizar Campanhas de Educação Sanitária sobre o uso consciente da água.
· Ações Propostas: Reforçar Programas de Controle de Vetores. Promover a Integração de Políticas entre saúde, saneamento e meio ambiente para um manejo ambiental eficaz.
· Financiar Pesquisas sobre os impactos dos microplásticos na saúde humana e nos ecossistemas. Implementar e fiscalizar Políticas de Redução de Plástico, incentivando a economia circular e materiais alternativos.
· Integrar o cuidado em Saúde Mental na Resposta a Desastres, oferecendo apoio psicossocial imediato e de longo prazo.
· Capacitar Profissionais de Saúde, Educadores e Líderes Comunitários para identificar sinais de sofrimento mental e oferecer o primeiro acolhimento.
· Desenvolver Programas de Apoio Psicossocial Comunitários que promovam resiliência e apoio mútuo.
· Realizar Campanhas de Conscientização e Sensibilização sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde mental, desmistificando a ecoansiedade.
· Educação Digital e Letramento Midiático: Incorporar programas no currículo escolar sobre o uso consciente e crítico das mídias sociais, identificação de notícias falsas e riscos da dependência digital.
· Incentivar e financiar pesquisas multidisciplinares sobre os impactos de longo prazo das mídias digitais na saúde mental de crianças e adolescentes.
· Regulamentação e Responsabilização de Plataformas: Debater e criar marcos regulatórios que incentivem as plataformas a desenvolverem recursos que promovam o bem-estar do usuário (limites de tempo de uso, filtros de conteúdo, combate ao cyberbullying).
· Regulamentação do Trabalho em Plataformas: Criar um marco legal robusto que garanta direitos trabalhistas, remuneração justa, condições de segurança e saúde ocupacional, e acesso a serviços de saúde mental. Estudar e viabilizar a criação de plataformas estatais ou cooperativas que priorizem a justiça social e a segurança do trabalhador.
· Fortalecimento da Fiscalização e Legislação: Aumentar o número de fiscais do trabalho e aprimorar as ações de fiscalização para garantir o cumprimento das Normas Regulamentadoras (NRs), atualizando-as para contemplar novos riscos climáticos.
· Aprimoramento da Coleta de Dados: Investir em sistemas mais eficientes de coleta, análise e divulgação de dados sobre acidentes e doenças do trabalho.
· Educação e Cultura de Prevenção: Intensificar programas de treinamento e capacitação para trabalhadores e empregadores sobre prevenção de acidentes e reconhecimento de riscos.
· Adaptação de Jornadas de Trabalho, com suspensão de atividades ao ar livre em horários de calor extremo. Provisão de Hidratação e Locais de Descanso com sombra ou climatizados. Desenvolvimento de EPIs Inovadores, leves, ventilados, com proteção UV e que minimizem o desconforto térmico.
· Criação e implementação de Protocolos de Segurança Específicos para interrupção de atividades e evacuação em caso de eventos extremos. Treinamento para Emergências e exigência de Infraestrutura Resiliente nas empresas.
· Ações Propostas para o setor de combate a incêndios:
o Aumento de Investimento e Recursos: Ampliar significativamente o orçamento e o efetivo para as corporações de bombeiros e brigadas de combate a incêndios, incluindo aquisição de equipamentos de ponta.
o Saúde Ocupacional Abrangente: Implementar programas de saúde ocupacional específicos com monitoramento regular para detecção precoce de doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer.
o Apoio Psicológico Contínuo e Especializado: Estabelecer programas permanentes de suporte psicológico e psiquiátrico, com profissionais especializados em trauma e estresse pós-traumático.
o EPIs de Última Geração: Garantir o fornecimento de EPIs tecnologicamente avançados que ofereçam máxima proteção contra calor, fumaça e partículas tóxicas, incluindo sistemas de respiradores autônomos.
o Adaptação de Jornadas e Descanso Adequado: Rever e adaptar as jornadas de trabalho para garantir períodos de descanso e recuperação adequados, minimizando a exaustão física e mental.
o Pesquisa e Desenvolvimento: Financiar pesquisas sobre os impactos da exposição à fumaça e ao estresse em combatentes de incêndio para desenvolver melhores práticas de proteção e tratamento.
13. Educação ambiental.
13.1. Preparação para Situações de Perigo
· Capacitação comunitária: Promover palestras, oficinas e simulações de evacuação para situações de risco como enchentes, queimadas ou deslizamentos.
· Informação acessível: Distribuir cartilhas e criar canais digitais com instruções claras sobre primeiros socorros, pontos de apoio e como acionar socorro.
· Mapeamento doméstico: Orientar as famílias no reconhecimento de áreas seguras e rotas de fuga em casa e no bairro.
13.2. Adaptação do Lar e Prevenção de Doenças
· Adaptação de moradias: Incentivar pequenas reformas, como telhados brancos (para reduzir calor), instalação de telas em janelas (contra mosquitos), calhas limpas e caixas d’água protegidas.
· Prevenção de doenças: Ensinar práticas de higiene, cuidado com água estocada, controle de vetores, uso de repelentes naturais e atenção à qualidade da água.
13.3. Reciclagem e Consumo Sustentável
· Separação de resíduos: Ensinar como separar o lixo reciclável, compostagem caseira de resíduos orgânicos, pontos de coleta e iniciativas de logística reversa.
· Jardinagem e agricultura urbana: Incentivar hortas comunitárias, jardins permeáveis (evitando pisos concretados) e uso de plantas nativas.
· Permeabilidade do solo: Valorizar quintais e áreas verdes que absorvem água, evitando enchentes urbanas e recarga de aquíferos.
13.4. Armazenamento de Água
· Captação de chuva: Explicar como instalar cisternas ou tonéis para armazenar água das chuvas.
· Uso consciente: Campanhas sobre redução do desperdício e reutilização da água (ex: água do enxágue da máquina para lavar calçadas).
13.5. Energia Limpa e Renovável
· Energia solar: Informar sobre as vantagens, linhas de financiamento, programas locais de incentivo e possibilidades de instalação residencial (chuveiro solar, placas fotovoltaicas).
· Aquecimento e uso eficiente: Dicas de aparelhos eficientes e manutenção preventiva.
13.6. Mudança de Cultura: Do Excesso ao Suficiente
· Consumo consciente: Educação sobre a diferença entre necessidade e excesso; valorização do reparo e reuso; combate ao desperdício de alimentos e bens.
· Valores ambientais: Inserir temas de ética ambiental e cidadania nas escolas, promovendo o respeito à natureza e à coletividade.
14. Florestas
As florestas desempenham um papel fundamental no equilíbrio climático, na purificação da água e na sobrevivência de inúmeras espécies vivas.
Contudo, esses sistemas estão cada vez mais ameaçados por fatores antrópicos e pelo avanço das mudanças climáticas. O aumento da temperatura média global eleva consideravelmente o risco de incêndios florestais. Durante esses eventos, as florestas deixam de atuar como sumidouros de carbono e passam a emitir grandes quantidades de gases de efeito estufa (GEE), especialmente CO₂, potencializando o aquecimento global e estabelecendo um ciclo vicioso de degradação ambiental.
As florestas abrigam milhares de espécies, constituindo ecossistemas únicos e complexos. Sua destruição acarreta perda irreparável de biodiversidade, compromete serviços ecossistêmicos essenciais e coloca em risco a disponibilidade de água potável para diversas comunidades humanas.
O processo de fragmentação florestal, frequentemente associado à abertura de estradas e outras infraestruturas, agrava ainda mais esses impactos, uma vez que reduz a conectividade entre habitats, eleva o número de atropelamentos de fauna, causa interferências na comunicação animal devido a ruídos e intensifica a pressão de caça.
o Brasil é um dos países com a maior biodiversidade do mundo e possui uma vasta diversidade de biomas, cada um com suas características de vegetação, fauna, clima e solo. A Floresta Amazônica é, sem dúvida, a maior e mais conhecida, mas o território nacional é composto por seis biomas principais, e quase todos eles contêm formações florestais distintas.
14.1. Situação de biomas brasileiros em relação às crises ambientais:
14.1.1. Amazônia
Características: A maior floresta tropical úmida do mundo, cobrindo cerca de 49% do território brasileiro. É um bioma de imensa biodiversidade, com a maior bacia hidrográfica do mundo e um papel crucial na regulação climática global, influenciando os padrões de chuva em grande parte da América do Sul.
Crises Ambientais:
Desmatamento e Queimadas: A principal ameaça é o desmatamento, impulsionado pela expansão da pecuária, agricultura (especialmente soja), exploração madeireira ilegal e mineração. As queimadas, muitas vezes associadas ao desmatamento para “limpar” a área, liberam grandes quantidades de gases de efeito estufa (GEE), transformando a floresta de sumidouro em emissora de carbono e intensificando o aquecimento global.
Crise Climática: O aumento das temperaturas e a alteração nos padrões de chuva levam a secas mais severas e prolongadas, estressando a floresta. Há um risco crescente de “savanização” de partes da Amazônia, onde grandes áreas podem se transformar em ecossistemas mais secos e abertos, irreversivelmente.
Poluição: A mineração ilegal contamina rios e solos com mercúrio e outros metais pesados, afetando a saúde humana, a biodiversidade aquática e as comunidades ribeirinhas e indígenas.
Perda de Biodiversidade: O desmatamento e as queimadas levam à perda de espécies, muitas ainda não catalogadas.
14.1.2. Mata Atlântica
Características: Estendia-se originalmente por grande parte da costa brasileira, ocupando cerca de 13% do território nacional. É um dos biomas mais ricos em biodiversidade e endemismo do planeta, com grande variedade de ecossistemas (florestas, manguezais, restingas), mas também o mais ameaçado, com apenas cerca de 12% a 15% de sua cobertura original remanescente, frequentemente fragmentada. Seus recursos hídricos abastecem cerca de 70% da população brasileira.
Crises Ambientais:
Perda de Habitat e Fragmentação: Historicamente, sofreu intensa devastação devido à colonização, expansão agrícola (cana-de-açúcar e café) e crescimento urbano desordenado. A fragmentação reduz a conectividade entre habitats, isolando populações e tornando-as mais vulneráveis.
Pressão Urbana e Industrial: A proximidade com grandes centros urbanos e industriais resulta em poluição de rios e mananciais por esgoto doméstico e efluentes industriais, contribuindo para crises hídricas e afetando a qualidade da água.
Mudanças Climáticas: O aquecimento global intensifica secas e altera regimes de chuvas, tornando o bioma mais vulnerável a incêndios e desastres naturais como deslizamentos, especialmente em áreas densamente povoadas.
Espécies Invasoras: A proximidade com áreas urbanas facilita a introdução de espécies exóticas invasoras, que competem com as nativas e alteram os ecossistemas.
14.1.3. Cerrado
Características: Conhecido como a savana com maior biodiversidade do mundo, o Cerrado ocupa aproximadamente 24% do território brasileiro, principalmente no Planalto Central. É um “berço das águas”, abrigando nascentes de importantes bacias hidrográficas.
Crises Ambientais:
Desmatamento e Expansão Agrícola: É o bioma que mais sofre com a expansão da agropecuária, especialmente o cultivo de soja e a criação de gado, que já causou a perda de mais da metade de sua cobertura vegetal original. O Cerrado tem uma das maiores taxas de desmatamento anuais, por vezes superando a Amazônia proporcionalmente.
Crise Climática e Incêndios: A alteração do regime de chuvas, com secas mais prolongadas, e o aumento das temperaturas tornam o Cerrado extremamente suscetível a incêndios. Embora o fogo seja um elemento natural no bioma, a frequência e intensidade dos incêndios têm aumentado exponencialmente devido às atividades humanas e às mudanças climáticas, impedindo a recuperação natural.
Contaminação Hídrica e do Solo: O uso intensivo de agrotóxicos na agricultura contamina rios e lençóis freáticos, afetando a qualidade da água que abastece milhões de pessoas e a biodiversidade aquática.
Perda de Biodiversidade: O desmatamento rápido e a degradação do habitat levam à extinção de espécies endêmicas e importantes para a manutenção dos serviços ecossistêmicos.
14.1.4. Caatinga
Características: O único bioma exclusivamente brasileiro, localizado no Nordeste. Caracteriza-se por ciclos de seca e chuvas irregulares, com vegetação adaptada à aridez, onde as plantas perdem as folhas na estação seca. É considerada a área semiárida mais rica em biodiversidade do mundo.
Crises Ambientais:
Desertificação: É o bioma mais vulnerável à desertificação, fenômeno impulsionado pela combinação de desmatamento (para lenha, carvão e pastagens), práticas agrícolas inadequadas e as mudanças climáticas que intensificam as secas.
Crise Hídrica: O aumento do risco de secas e a irregularidade das chuvas agravam a crise hídrica, afetando a produção de alimentos e a subsistência de milhões de pessoas.
Desmatamento e Degradação do Solo: A retirada da vegetação nativa e a pecuária extensiva, sem manejo adequado, levam à erosão e salinização do solo, tornando-o improdutivo.
Perda de Biodiversidade: As mudanças climáticas e o desmatamento podem causar a perda de espécies, com risco de extinção de mamíferos de pequeno porte e substituição de espécies arbóreas por herbáceas e suculentas.
Superexploração de Recursos: A caça ilegal e a coleta predatória de espécies vegetais também são ameaças.
14.1.5. Pampa
Características: Bioma de campos sulinos, localizado majoritariamente no Rio Grande do Sul, caracterizado por planícies com vastas extensões de gramíneas, com áreas de florestas de galeria e matas de encosta.
Crises Ambientais:
Expansão Agrícola e Silvicultura: A principal ameaça é a conversão dos campos nativos para monoculturas (principalmente soja e arroz) e para a silvicultura (plantações de eucalipto e pinus), que descaracterizam a paisagem e destroem a biodiversidade.
Perda de Biodiversidade: A substituição dos campos nativos e a homogeneização da paisagem levam à perda de espécies de flora e fauna adaptadas a esse ecossistema campestre único.
Degradação do Solo: O manejo inadequado do solo na agricultura, incluindo o uso de agrotóxicos e a ausência de rotação de culturas, leva à erosão, compactação e perda de fertilidade. O processo de arenização e erosão do solo também é significativo.
Crise Climática: As mudanças climáticas podem alterar os regimes de chuva e temperatura, impactando a produtividade dos campos e a saúde dos ecossistemas. O Pampa tem lidado com alterações climáticas atípicas e intensas, como elevação da temperatura, aumento da frequência de estiagens e tempestades severas. Eventos extremos, como as enchentes devastadoras, são amplificados pelas práticas insustentáveis.
Poluição: O uso intensivo de agrotóxicos na agricultura contamina o solo e os cursos d’água.
14.1.6. Pantanal
Características: A maior área úmida contínua do planeta, abrangendo partes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É um bioma com grande biodiversidade, influenciado pela Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Sua vida é ritmada pelos ciclos de cheia e seca, sendo um santuário de vida selvagem.
Crises Ambientais:
Crise Climática e Incêndios: É extremamente sensível às mudanças nos regimes hídricos. As secas prolongadas e severas, impulsionadas pela crise climática e pelo desmatamento nos biomas vizinhos (Cerrado e Amazônia), reduzem as inundações essenciais para sua dinâmica ecológica. Isso o torna vulnerável a incêndios de proporções catastróficas, como os observados nos últimos anos, que destroem habitats e matam milhões de animais.
Desmatamento e Alteração dos Rios nos Planaltos: O desmatamento e a expansão da agropecuária nos planaltos circundantes (onde nascem os rios que o alimentam) causam erosão, assoreamento dos rios e alteração do fluxo hídrico, impactando o ciclo de inundações.
Poluição: A mineração (especialmente na bacia do Rio Paraguai), o uso de agrotóxicos em fazendas vizinhas e o esgoto doméstico lançados nos rios que deságuam no Pantanal contaminam a água e afetam a vida aquática e terrestre.
Hidrelétricas e Hidrovias: Projetos de infraestrutura, como hidrelétricas e a proposta de uma hidrovia no Rio Paraguai (Hidrovia Paraguai-Paraná), ameaçam alterar drasticamente o pulso de inundação, que é a essência ecológica do Pantanal.
Superexploração de Recursos: A pesca predatória e a caça ilegal também são problemas.
14.2. Ações propostas:
· Gestão Sustentável: Implementar práticas agroflorestais e de manejo sustentável.
· Conservação da Biodiversidade: Proteger áreas críticas para a preservação de espécies, interrompendo a abertura de novas estradas e investindo na criação de passarelas vivas e estruturas que favoreçam a fauna do dossel, fundamentais para a manutenção dos fluxos ecológicos e do equilíbrio climático.
· Monitoramento Climático: Aperfeiçoar sistemas de monitoramento ambiental, permitindo previsão e resposta rápida a incêndios e eventos extremos, minimizando danos e otimizando a gestão de recursos.
· Reflorestamento: Promover o plantio de espécies nativas para recuperar áreas degradadas e fortalecer a resiliência dos ecossistemas frente às mudanças climáticas.
· Redução drástica do Desmatamento: Fortalecer e aplicar políticas e legislações de combate ao desmatamento ilegal e reduzir as permissões legais de desmatamento.
· Sequestro de Carbono: Incentivar iniciativas que ampliem a capacidade de sequestro de carbono das florestas, como sistemas agroflorestais e a restauração de matas ciliares.
15. Indústrias
A estrutura atual do mercado de trabalho brasileiro apresenta desafios notáveis, conforme dados recentes do Banco Mundial que indicam uma população de aproximadamente 211 milhões de pessoas. Em 2024, registramos 103,3 milhões de ocupados, com projeção de cerca de 53,9 milhões de trabalhadores formais em 2025. Essa realidade revela que, embora aproximadamente metade da população brasileira esteja inserida no mercado de trabalho, pouco mais da metade desses indivíduos possui um vínculo de trabalho formal.
Nesse cenário, a crescente influência dos trabalhos por plataforma é um ponto crítico. A informalidade predominante nessa modalidade, somada ao grande número de trabalhadores no setor de comércio, sugere que o contingente de mão de obra nessas áreas pode superar o do setor industrial, frequentemente sob condições de trabalho mais precárias.
Diante disso, torna-se imperativo ir além da formalização do trabalho em plataformas e focar na ampliação e reestruturação do setor industrial. Uma indústria fortalecida, especialmente se orientada para a transição energética e a economia circular, pode gerar não apenas mais empregos formais e de maior qualidade, mas também baratear produtos e equipamentos essenciais para um desenvolvimento sustentável.
Isso inclui a produção nacional de tecnologias como:
· Lâmpadas e equipamentos de 12V compatíveis com energia solar (que funcionam diretamente na voltagem das placas solares).
· Inversores e controladores de carga.
· Baterias avançadas (ex: de nano chumbo).
· Eletrônicos e eletrodomésticos de baixo consumo (12V, como geladeiras).
· Equipamentos para captação e tratamento de água (cisternas com filtros e bombas mais apropriadas para residências).
· Tecnologias e equipamentos para tratamento de efluxos
Além de promover a inovação, o setor industrial deve ser compelido a adotar práticas mais sustentáveis, como o uso mandatório de água de reuso, especialmente em processos de alto consumo (e.g., caldeiras). Para tanto, a adequação da legislação é crucial nesse sentido.
Em suma, o Brasil tem a oportunidade e a necessidade de desenvolver e gerar empregos de forma estratégica e ecológica, alinhando o crescimento econômico com a sustentabilidade ambiental e a justiça social.
15.1. Ações proposta:
15..1. Legislação:
Implementar leis exigindo que grandes empresas adotem práticas de transição energética, economia circular, bem como garantir a segurança térmica aos operários.
15..2. Incentivos para Pequenas e Médias Empresas:
Oferecer orientação técnica gratuita para realizar a transição energética e favorecer a economia circular.
15..3. Sistema de Fiscalização:
Criar um sistema transparente e eficaz para garantir que as empresas cumpram as normas ambientais.
15..4. Novas fábricas
O Estado deve participar da montagem de novas fábricas de modo a atender não apenas a necessidade do mercado de tecnologias de transição energética, de captação e purificação de água, de refrigeração ambiental, de proteção contra vetores de doenças, de segurança frente a efeitos climáticos extremos e de segurança no trabalho.
16. Inovação Tecnológica e Produção Sustentável: O Modelo de Fábricas e Empresas Estudantis Assistidas com Apoio Estatal.
A participação estatal estratégica na montagem de novas fábricas, alinhando-se às necessidades de tecnologias de transição energética, gestão hídrica, refrigeração ambiental, proteção contra vetores, segurança climática e segurança no trabalho, é um modelo promissor para o desenvolvimento sustentável e a geração de empregos de qualidade no Brasil.
Integrar esse processo com escolas técnicas e universidades, transformando-o em uma extensão da vida acadêmica e um início da vida profissional, é uma abordagem inovadora que pode ser estruturada da seguinte forma, combinando o melhor das práticas e ideias apresentadas nas pesquisas:
· Modelo de Fábricas Estratégicas com Participação Estatal e Acadêmica
Este modelo propõe uma fusão entre o ambiente educacional e o produtivo, com o Estado atuando como catalisador e indutor.
1. Fomento Estatal à Inovação e Criação de Fábricas
O Estado desempenharia um papel central no fomento e na viabilização dessas iniciativas, identificando as áreas prioritárias e fornecendo os meios.
· Identificação de Demandas Estratégicas:
O governo, em conjunto com órgãos de pesquisa, universidades e setores da sociedade, identificaria as áreas prioritárias para o desenvolvimento de tecnologias, como as mencionadas (lâmpadas 12V, inversores, baterias de nano chumbo, eletrodomésticos 12V, cisternas com filtros e bombas eficientes, etc.).
· Fundos de Investimento e Financiamento Direto:
o Fundo Soberano de Inovação/Transição Verde: Criação de um fundo específico, gerido pelo Estado, para investir diretamente (capital semente ou participação acionária) em startups e pequenas fábricas resultantes de projetos universitários. Esse fundo buscaria não apenas retorno financeiro, mas principalmente impacto social e tecnológico.
o Linhas de Crédito Preferenciais: Bancos públicos (BNDES, Banco do Brasil, Caixa) poderiam oferecer linhas de crédito com juros subsidiados e condições facilitadas (carência, prazos longos) para empresas que surjam desse modelo e que atendam às áreas estratégicas definidas.
o Editais de Subvenção Econômica: Publicação regular de editais que ofereçam recursos não reembolsáveis para o desenvolvimento de protótipos e a montagem das primeiras unidades fabris, desde que os projetos venham de universidades ou de parcerias academia-empresa.
o Programas Contínuos em Universidades Escolas Técnicas Públicas.
· Infraestrutura e Espaços Compartilhados:
Criação ou expansão de estruturas físicas como parques tecnológicos e incubadoras estatais/públicas. Isso incluiria galpões, laboratórios equipados e escritórios dentro ou próximos a universidades e escolas técnicas, oferecendo aluguel subsidiado ou gratuito nos primeiros anos. Além disso, disponibilizaria acesso a equipamentos de alto custo (impressoras 3D industriais, máquinas CNC, laboratórios de testes) para os projetos selecionados, reduzindo o custo inicial de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para os estudantes.
· Incentivos Fiscais:
Concessão de isenção ou redução de impostos (PIS, COFINS, IPI, ICMS) para as fábricas ligadas a esse programa, especialmente nas áreas estratégicas, para baratear os produtos.
· Políticas de Demanda Governamental:
O Estado se tornaria o primeiro grande cliente dessas novas fábricas, comprando os produtos desenvolvidos (lâmpadas solares, sistemas de purificação de água, equipamentos de refrigeração sustentável, etc.) para uso em escolas, hospitais, prédios públicos ou para distribuição em programas sociais. Isso garantiria um mercado inicial e validação para os produtos.
· Integração com Escolas Técnicas e Universidades: O Método “Academia-Indústria”
A chave para este modelo é a fusão entre o ambiente educacional e o produtivo, transformando a vida acadêmica no início da vida profissional.
· Currículos Adaptados e Projetos Aplicados:
Escolas técnicas e universidades reformulariam seus currículos para incluir disciplinas e projetos práticos focados nas tecnologias verdes e resilientes. Isso envolveria a criação de “fábricas-escola” ou “laboratórios de produção” e oficinas que simulem o ambiente de produção industrial, onde os alunos, sob orientação, projetam, desenvolvem e produzem em pequena escala.
· Programas de Residência Tecnológica e Estágios:
Estudantes de cursos técnicos e superiores seriam inseridos em programas de residência ou estágios de longa duração nessas “fábricas-escola”. Isso permitiria que eles participassem ativamente de todas as etapas do processo produtivo, desde a pesquisa e desenvolvimento até a fabricação e comercialização. Os projetos aprovados para se tornarem fábricas seriam o destino natural desses programas.
· Mentoria e Orientação Qualificada:
Professores, pesquisadores e profissionais experientes do setor atuariam como mentores, orientando os estudantes no desenvolvimento de produtos e processos, na gestão da produção e na administração do negócio. Convidar engenheiros aposentados e empresários para atuarem como consultores e conselheiros seria fundamental.
· Premiação, Financiamento sem Risco e Gestão pelos Alunos com orientação de professores e supervisão do Estado.
Para incentivar a inovação e o empreendedorismo estudantil:
* Concursos e Premiações de Inovação: Lançamento de desafios e concursos nacionais anuais para “soluções tecnológicas verdes” ou “tecnologias para resiliência climática”, com prêmios em dinheiro para o desenvolvimento de protótipos e a formalização da empresa. As melhores “descobertas” ou protótipos seriam premiadas com o capital inicial para a montagem da pequena fábrica.
· Financiamento “Sem Risco” para os Estudantes:
o Capital Semente e Subvenção Econômica:
O Estado forneceria capital semente para a fase inicial de desenvolvimento e montagem das pequenas fábricas, eliminando o risco financeiro direto para os estudantes. O reembolso ocorreria a longo prazo, apenas em caso de lucro. Em caso de falência seria não reembolsável.
o Participação Acionária Estatal:
O Estado entraria como sócio majoritário ou com capital de risco, absorvendo a maior parte do risco financeiro inicial. Os estudantes/inventores poderiam ser sócios minoritários, com opções de compra de mais ações no futuro. Esse modelo pode funcionar para grandes projetos.
o Bolsas de Estudo/Empreendedorismo:
Os alunos envolvidos na gestão e operação das fábricas seriam remunerados por meio de bolsas ou salários iniciais financiados pelo programa, garantindo sua subsistência e foco.
o Modelo de Royalties/Participação nos Lucros:
Caso a fábrica se torne lucrativa, os estudantes poderiam ter uma participação nos lucros.
· Pequenas Fábricas Geridas por Alunos com Participação Estatal:
o Estrutura Operacional:
As fábricas seriam concebidas como unidades de produção em pequena escala, focadas na prototipagem, produção de lotes iniciais e validação de mercado.
o Gestão Híbrida:
A gestão seria predominantemente dos alunos, sob a supervisão de um conselho gestor que incluiria representantes da universidade/escola técnica, do Estado e de mentores da indústria. Essa estrutura de governança híbrida, com maioria de representantes estatais, garantiria a credibilidade e o alinhamento com as políticas públicas.
· Benefícios da Participação Estatal: Credibilidade, Segurança e Renda para Novos Projetos
A participação ativa do Estado é crucial para o sucesso e a perenidade do modelo.
· Credibilidade e Segurança:
A chancela do Estado confere credibilidade e segurança jurídica às operações, facilitando a obtenção de licenças, certificações e a entrada no mercado. O Estado pode atuar como um “primeiro cliente” através de compras públicas, garantindo uma demanda inicial para os produtos e validando-os.
· Renda Estatal e Reinvestimento:
A participação acionária do Estado permitiria que, com o sucesso das fábricas, parte dos lucros retornasse aos cofres públicos. Essa receita seria canalizada para o fundo de inovação, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento, financiando novos projetos e ampliando o sistema.
· Foco em Empregos de Qualidade e Fixação de Talentos:
O objetivo é criar empregos formais e de alta qualificação para os próprios alunos e egressos, combatendo a informalidade e a precarização do trabalho. Isso também ajuda a evitar a “fuga de cérebros”, pois oferece um caminho concreto para que jovens talentos brasileiros desenvolvam e implementem suas ideias no próprio país.
· Desenvolvimento Tecnológico e Soberania:
O Brasil passaria a ter sua própria base industrial para tecnologias estratégicas, reduzindo a dependência externa e garantindo a capacidade de resposta a crises climáticas, de saúde e energéticas.
· Ampliação e Sustentabilidade do Sistema
Reinvestimento Contínuo:
Os lucros gerados pela participação estatal seriam canalizados para um fundo específico de fomento à inovação e ao empreendedorismo verde, garantindo a sustentabilidade do programa a longo prazo.
Rede de Fábricas-Escola:
O modelo poderia ser replicado em diferentes regiões do país, aproveitando as vocações e necessidades locais, e criando uma rede nacional de fábricas-escola especializadas em tecnologias sustentáveis.
Políticas Públicas de Longo Prazo:
A implementação bem-sucedida dependeria de políticas públicas consistentes e de longo prazo que apoiem a inovação, a industrialização verde e a integração entre academia e setor produtivo. O Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei nº 13.243/2016) já é um passo importante nesse sentido, buscando desburocratizar e incentivar a parceria universidade-empresa.
Este modelo, ao unir o potencial inovador das instituições de ensino com o poder de fomento e a visão estratégica do Estado, tem o potencial de impulsionar o Brasil rumo a uma economia mais verde, resiliente e socialmente justa.
Investir em inovação tecnológica nas universidades e escolas técnicas públicas é crucial para melhorar a adaptação e mitigação dos efeitos climáticos. Selecionamos algumas demandas mais urgentes:
17. Impactos da Urbanização:
Nas zonas urbanas, o principal setor de emissão de CO2 é o de transporte.
Materiais como concreto e asfalto aumentam as temperaturas nas cidades, formando verdadeiras ilhas de calor (ICU), que podem intensificar chuvas em áreas urbanas.
A proximidade das estruturas cria áreas de estagnação, afetando o fluxo natural dos ventos. Em locais de pouca precipitação, a redução de vegetação diminui a evapotranspiração, a umidade do ar, podendo tornar o local mais árido.
Na criação de cidades, vilas, condomínios e novas construções em geral, a derrubada de árvores libera CO₂ e reduz a capacidade de absorção de CO₂. A destruição de habitats afeta ecossistemas que influenciam o clima.
17.1. Ações propostas:
17.1.1. Regionalização das instituições
A diminuição dos deslocamentos nas grandes cidades é fundamental para melhorar a qualidade do ar, assim é importante orientar as instituições públicas ou empresariais a se se distribuírem regionalmente, criando filiais. Isso pode diminuir deslocamentos de trabalhadores, usuários e estudantes.
17.1.2. Construção de alojamentos para trabalhadores e estudantes:
Outra forma de diminuir deslocamentos é criando alojamentos permanentes ou temporários para trabalhadores e estudantes próximos ao local de destino.
17.1.3. Cidades Ecológicas e Ecovilas
Cidades e vilas sustentáveis são planejadas para minimizar o impacto ambiental, promovendo qualidade de vida para seus habitantes. Elas incorporam práticas como:
· Construções Sustentáveis são projetadas para minimizar o consumo de energia e as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Elas incorporam:
· Captação de energia solar e promoção de ventilação natural.
· Eficiência energética.
· Economia e gestão da água.
· Isolamento térmico.
· Uso de materiais locais.
· Paisagismo sustentável: Utilização de plantas nativas e telhados verdes.
· Uso eficiente de recursos
· Energia renovável
· Mobilidade sustentável
· Espaços verdes
· Gestão inteligente da água
· Participação comunitária
Espaços mais arejados e menos densamente povoados ajudam a reduzir a transmissão de doenças. Ambientes mais verdes e sustentáveis melhoram a saúde mental e física dos moradores. A redução da expansão urbana descontrolada e o uso eficiente de recursos contribuem para reduzir a poluição e melhorar o clima.
17.1.4. Revitalização de Cidades Mortas:
· Reuso e renovação de infraestruturas existentes, transformando-as em centros de inovação e tecnologia sustentável. Podendo tornarem-se cidades ecológicas.
· Promoção de projetos residenciais acessíveis para diminuir a concentração populacional em grandes centros e reduzir o número de moradores de rua.
17.1.5. Infraestrutura Verde:
· Jardins Suspensos: sobre vias públicas e piscinões.
· Coleta de Água da Chuva: Implementar sistemas sobre edificações públicas.
· Parques e Áreas Verdes: Criar e manter parques urbanos públicos para melhorar a qualidade do ar e oferecer espaços de lazer. Alguns podem conter jardins filtrantes.
· Telhados, Paredes e colunas Verdes: Implementar vegetação em edifícios, pontes e viadutos para isolamento térmico e melhorar o microclima.
· A arborização urbana deve ser feita preferencialmente com espécies NATIVAS do bioma onde a cidade foi instalada. Para tentar garantir o sucesso da empreitada, devem ser escolhidas as espécies mais resistentes ao estresse hídrico (seca) do bioma onde foi construída a cidade.
17.1.6. Infraestrutura Urbana:
· Passagens de Pedestres Elevadas: Suspender passagens em áreas de enchentes recorrentes.
· Proteção para Desabrigados: Construir abrigos provisórios, inclusive sob viadutos com sanitários e bebedouros.
· Permeabilização de ruas e praças sujeitas a enchentes: Construção de pequenas ou médias piscinas sob as ruas e praças próximas a locais inundáveis, com piso filtrante ou fácil escoamento.
· Desenvolvimento de infraestrutura verde, como parques e corredores ecológicos, que ajudam a melhorar a qualidade do ar e oferecem espaços de convivência mais saudáveis.
17.1.7. Incentivar as construções sustentáveis.
17.1.8. Manutenção Urbana:
· Barreiras para “Bocas de Lobo”: Construir proteções e consertar tampas de bueiros.
· Nivelamento de Calçadas e Piscinões: Prevenir acúmulo de água parada e acidentes.
· Aterramento dos cabos elétricos: A intensificação das chuvas e ventos faz com que árvores e postes caiam e danifiquem a rede elétrica pública.
· Poda das árvores. Diminuindo o volume das copas das árvores há menos perigo de ventos fortes derrubarem as árvores.
17.1.9. Educação Ambiental: Promover programas de conscientização sobre sustentabilidade e práticas ecológicas.
17.1.10. Melhorar o sistema de informação sobre qualidade do ar e da água em tempo real.
18. Pecuária
A pecuária é um setor vital, mas que precisa evoluir para reduzir seu impacto ambiental e se adaptar às mudanças climáticas.
18.1. Ações propostas de mitigação:
· Ajustar a dieta dos animais é crucial para otimizar a digestão e, consequentemente, mitigar emissões de metano, um potente gás de efeito estufa liberado pelos ruminantes. Aditivos alimentares específicos e forragens de alta qualidade podem contribuir significativamente para isso.
· O tratamento adequado de resíduos animais (esterco e efluentes) é essencial para minimizar a liberação de metano e óxido nitroso. Tecnologias como biodigestores transformam esses resíduos em biogás (energia renovável) e biofertilizantes, agregando valor e reduzindo as emissões.
· Adotar o manejo rotacionado, a recuperação de pastagens degradadas e sistemas integrados como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) melhora a saúde do solo, aumenta o sequestro de carbono e otimiza a produtividade. Isso reduz a pressão por novas áreas de desmatamento.
· Impedir Criação de Novos Campos de Pastagens:
Esta é uma medida crucial de mitigação. Estabelecer políticas rigorosas para coibir o desmatamento e a conversão de áreas de vegetação nativa para a formação de novas pastagens protege biomas importantes, reduz significativamente as emissões de gases de efeito estufa e conserva a biodiversidade.
· Políticas de Incentivo à Redução no Consumo de Carnes:
Embora complexo, promover campanhas de conscientização e políticas públicas que incentivem a diversificação da dieta e a redução do consumo excessivo de carne (especialmente em países de alto consumo per capita) pode aliviar a pressão sobre os sistemas de produção pecuária, liberando terras e reduzindo a demanda por insumos e as emissões.
19. Referências
AGÊNCIA BRASIL. População de rua em São Paulo cresce em junho, aponta levantamento. 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2023-09/populacao-de-rua-em-sao-paulo-cresce-em-junho-aponta-levantamento . Acesso em: 29/06/2025.
ANA. Água no mundo. [s.d.]. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/cooperacao-internacional/agua-no-mundo. Acesso em: 14 mar. 2024.
ARCOVERDE, Léo. Ônibus lançam 3,9 toneladas de CO2 na atmosfera por dia em SP. Fiquem Sabendo, 2023. Disponível em: https://fiquemsabendo.com.br/meio-ambiente/onibus-lancam-39-toneladas-de-gas-carbonico-na-atmosfera-por-dia-em-sp . Acesso em: 26 mar. 2024.
BANCO MUNDIAL. Poverty and Shared Prosperity 2022: Correcting Course. Washington, DC: World Bank, 2022. Disponível em: https://www.worldbank.org/en/publication/poverty-and-shared-prosperity. Acesso em: 29 jun. 2025.
BOTELLA, Enric. Condutor de metrô relata trauma de testemunhar tentativas de suicídio. BBC News Brasil, 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-48261507 . Acesso em: 27 mar. 2024.
ECONODATA. Ranking das 100 maiores empresas em São Paulo por faturamento. 2024. Disponível em: https://www.econodata.com.br/maiores-empresas/sp-sao-paulo/busca-construtora . Acesso em: 21 fev. 2024.
Fundação Mudes. OMS: Acesso à água limpa pode salvar 1,4 milhão de vidas. Fundação Mudes, 2023. Disponível em: https://mudes.org.br/oms-acesso-a-agua-limpa-pode-salvar-14-milhao-de-vidas/#google_vignette . Acesso em: 14 mar. 2024.
GLOBAL FOOTPRINT NETWORK. Pegada Ecológica da Humanidade. Oakland, Califórnia, 2019. Disponível em: https://www.footprintnetwork.org/our-work/ecological-footprint/ . Acesso em: 28 mar. 2024.
IBGE. Panorama São Paulo. [2020-2022]. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/panorama . Acesso em: 14 mar. 2024.
INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION. [Homepage]. [s.d.]. Disponível em: https://www.ilo.org/ . Acesso em: 28 jun. 2025.
INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (IPCC). [Homepage]. [s.d.]. Disponível em: https://www.ipcc.ch/ . Acesso em: 28 jun. 2025.
IPCC. Climate Change 2022: Mitigation of Climate Change. Contribution of Working Group III to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge, UK; New York, NY, USA: Cambridge University Press, 2022. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg3/. Acesso em: 29 jun. 2025.
IPCC. Synthesis Report of the IPCC Sixth Assessment Report (AR6). 2023. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/sixth-assessment-report-cycle/ . Acesso em: 20 fev. 2024.
MACIEL, Camila. Lixões liberam 6 milhões de toneladas de gás de efeito estufa ao ano. Agência Brasil, 2019. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-06/lixoes-liberam-6-milhoes-de-toneladas-de-gas-de-efeito-estufa-ao-ano#:~:text=A%20perman%C3%AAncia%20de%20lix%C3%B5es%20para,de%20Limpeza%20Urbana%20(Selurb). . Acesso em: 28 mar. 2024.
MPT-2ª Região. SP lidera ranking de mortes e acidentes no trabalho. 2023. Disponível em: https://www.prt2.mpt.mp.br/1070-sp-lidera-ranking-de-mortes-e-acidentes-no-trabalho#:~:text=S%C3%A3o%20Paulo%2C%203%20de%20abril,do%20Trabalho%20(OIT)%20para%20o . Acesso em: 24 mar. 2024.
NASA EARTH OBSERVATORY. Temperaturas extremas em 2024 . [s.d.]. Disponível em:.
https://earthobservatory.nasa.gov/images/event/152603/temperature-extremes-2024 . Acesso em 29 jun. 2025.
OBSERVATÓRIO DO CLIMA. Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG): Estimativas anuais de emissões de GEE no Brasil. 2023. Disponível em: https://seeg.eco.br/ . Acesso em: 29 jun. 2025].
ONU. Você sabe como os gases do efeito estufa aquecem o planeta? 2022. Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/reportagem/voce-sabe-como-os-gases-de-efeito-estufa-aquecem-o-planeta . Acesso em: 14 mar. 2024.
PAINEL BRASILEIRO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS (PBMC). [Homepage]. [s.d.]. Disponível em: https://www.pbmc.coppe.ufrj.br/index.php/pt/ . Acesso em: 28 jun. 2025.
POTENZA, Renata Fragoso et al. Gases de efeito estufa: Análise das emissões e suas implicações. Observatório do Clima, 2023. Disponível em: https://www.oc.eco.br/wp-content/uploads/2023/03/SEEG-10-anos-v4.pdf . Acesso em: 29 mar. 2024.
SABESP. De onde vem? [s.d.]. Não disponível. Acesso em: 29 mar. 2024.
SEADE. Censo 2022. 2022. Disponível em: https://www.seade.gov.br/tema-demografia/ . Acesso em: 24 mar. 2024.
SMARTLAB – Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. [Homepage]. [s.d.]. Disponível em: https://smartlabbr.org/sst . Acesso em: 28 jun. 2025.
YOUNGER, Sally. À medida que o Ártico aquece, as suas águas emitem carbono. NASA, 2023. Disponível em: https://www.nasa.gov/earth/climate-change/as-the-arctic-warms-its-waters-are-emitting-carbon/ . Acesso em: 29/06/2025.